18/9/2019 a 29/9/2019
"A Morte de Danton" abre temporada no Teatro Nacional São João
Com encenação de Nuno Cardoso, a peça escrita por Georg Büchner assinala o arranque da nova temporada do Teatro Nacional São João, no Porto. O espetáculo vai estar em cena de 18 a 29 de setembro.
cardapio.pt @ 18-9-2019 16:02:11
“Uma revolução não é um movimento simples, não falha, nem triunfa, altera profundamente”. Nuno Cardoso deparou-se com A Morte de Danton enquanto ainda estudava na Universidade de Coimbra, lendo-a mais como um manifesto do que como uma peça de teatro. Escrita por Georg Büchner – autor que o “fascina” – em 1835, a obra esteve sempre na vida do ator e encenador, assinalando de forma simbólica a sua primeira produção própria enquanto diretor artístico do Teatro Nacional São João.
A Morte de Danton acompanha os últimos dias de vida de Georges Jacques Danton – uma das figuras mais proeminentes da Revolução Francesa, tendo sido presidente do Comité da Segurança Pública – entre as vésperas da sua detenção e execução na guilhotina. Mas é através desta obra que Nuno Cardoso vê um corpo social em permanente estado de convulsão e decomposição, como se a Revolução Francesa quebrasse a utopia e tivesse iniciado um ciclo sem fim: “mãe de todas as revoluções, arquétipo de futuras insurreições”, como contextualiza Regina Guimarães no programa de sala da peça.
Nas dúvidas, convicções e arrependimento de Danton – interpretado por Albano Jerónimo – lê-se também uma sociedade que continua a confrontar-se com perguntas difíceis e terríveis. Seja com o exemplo dos fogos da Amazónia, a revolta dos Coletes Amarelos ou o surgimento dos discursos populistas e dos muros, Nuno Cardoso considera que A Morte de Danton “põe o dedo na ferida”, já que olha para o “momento originário dessa ‘casa’ em que vivemos, da própria contemporaneidade”.
Mas a revolução da obra não se encontra apenas na sua ação, estando também evidente na forma como Georg Büchner a escreveu. Nuno Cardoso considera que o autor fragmenta a própria forma teatral tradicional, numa espécie de fusão entre a poesia inquietante, de fundação romântica, com a realidade. Escrita em quatro atos, a peça remete o espectador para cenas puramente cinematográficas, seja pela cadência, ritmo de progressão ou fluir cénico.
A Morte de Danton – a segunda incursão de Nuno Cardoso na obra de Büchner, depois de ter encenado Woyzek – nasce de muitas perguntas: “O que foi, o que é a palavra Revolução? Onde acaba o teatro e começa a política? São o mesmo? Prazer ou dever?”. Questões que não encontram resposta até à estreia, mas que compõem um “mapa do tesouro” composto por 13 atores que interpretam 40 personagens. O espetáculo resulta de uma tradução de Francisco Luís Parreira e está em cena até dia 29 de setembro: quarta-feira e sábado, às 19h00; quinta e sexta-feira, às 21h00; e domingo, às 16h00. Na récita de dia 19 está agendada uma conversa pós-espetáculo, moderada por Jorge Louraço Figueira, e, na última sessão, a peça será traduzida em Língua Gestual Portuguesa (LGP) e terá Audiodescrição. O espetáculo tem legendas em inglês e o preço dos bilhetes varia entre os 7,50 e os 16 euros.
Após a temporada no Porto, A Morte de Danton percorre o país: Theatro Circo (Braga), a 4 de outubro; Teatro Aveirense (Aveiro), a 18 de outubro; e Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), entre 9 e 19 de janeiro de 2020. Além disso, a peça também estará no Festival da União dos Teatros da Europa, sendo apresentada no Teatro Húngaro de Cluj (Cluj-Napoca, Roménia), a 23 de novembro.
Informações
Datas: 18 a 29 de setembro de 2019
Local: Teatro Nacional São João, Porto
Horários: Quarta-feira e sábado às 19h00; Quinta e sexta-feira às 21h00; Domingo às 16h00.
Bilhetes: 7,50 a 16 euros
cardapio.pt @ 18-9-2019 16:02:11
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