5/5/2022 a 6/5/2022 "A Peça (Em 4 Turnos)": Peripécia - Teatro homenageia o teatro amador

Refletir sobre o teatro dentro do teatro. Este é o exercício proposto pela Peripécia Teatro na sua mais recente criação, A Peça (Em 4 Turnos), que se estreia na quinta-feira, 5 de maio, no Teatro Municipal de Vila Real. O espetáculo, que conta a história de um grupo de operários fabris que forma um grupo de teatro amador, apresenta-se como a segunda parte de um ciclo de trabalho, iniciado com o desenvolvimento de um documentário intitulado “Operário Amador”. A Peça (Em 4 Turnos) tem uma segunda récita na sexta-feira, 6 de maio.

cardapio.pt @ 4-5-2022 16:56:38

Recuar até aos anos 70 da industrialização

Tudo tem um princípio ou um bom motivo. E o ponto de partida para a criação de A Peça (Em 4 Turnos) foi o documentário produzido, e apresentado em 2021, pela Peripécia Teatro, com realização de Ramón De Los Santos. Explorando a indústria de Vale do Ave dos anos 70, o projeto focava-se na história de um grupo de operários têxteis que formou um grupo de teatro amador, grupo esse que deu origem à atual Associação Teatro Construção. Este foi o primeiro passo de um ciclo, que agora culmina com a estreia de A Peça (Em 4 Turnos).

4 Turnos em Vale Saramagos

Arantxa, Lurdinhas, Quim e Fonseca são as personagens que vão guiar os espectadores nesta nova criação da Peripécia Teatro. Partindo da realidade para um mundo imaginário, A Peça (Em 4 Turnos) decorre em Vale Saramagos – “um local profundamente rural, transformado num centro de produção fabril, onde os padres e o catolicismo ainda dominam o pensamento das suas gentes”. É nesse mundo que as personagens, todos operários fabris, decidem criar um grupo de teatro amador.

Contudo, as suas vidas mudam quando Amaral, líder do grupo e também operário, morre num acidente na fábrica. De caráter impulsivo e revolucionário, Arantxa começa a rebelar-se contra a atitude dos patrões, acabando por acusá-los pela morte do seu colega. O grupo, arrastado pela atitude da colega, fica numa situação de rutura com os gestores da fábrica. As suas vidas laborais e pessoais ficam em risco, questionando-se até a viabilidade do grupo de teatro amador. Fica, assim, evidente a questão da marginalização destes operários-artistas na sociedade de Vale de Saramagos.


Refletir sobre o teatro dentro do teatro

Será que o teatro deve contar as histórias dos seus criadores? Será que os criadores devem estar implicados nas histórias que estão a ser contadas em palco? Estas são algumas das questões que podem ser levantadas ao assistir-se ao espetáculo. Assumindo-se como uma “peça” sobre uma “peça”, um espetáculo que quer refletir sobre a importância da criação artística e do teatro, A Peça (Em 4 Turnos) pretende homenagear precisamente todos os que sobem ao palco e que fazem teatro.

Acessível a todos os públicos e fazendo uso do humor, a produção – que se estreia no próximo dia 5 de maio – quer, sobretudo, sublinhar a importância das companhias de teatro amador (em vias de extinção), compostas por elementos que abdicam do tempo das suas vidas pessoais para se dedicarem à criação artística, tendo como única recompensa a satisfação de a praticar.

O espetáculo vai estar em cena nos dias 5 e 6 de maio, quinta e sexta-feira, às 21h30. Os bilhetes têm um custo de cinco euros. A Peça (Em 4 Turnos) partirá depois para digressão, chegando a Braga, ao Festival Mimarte, no dia 8 de julho. Regressará a Vila Real, ao Festival Lua Cheia, em Coêdo, no dia 12 de julho.

cardapio.pt @ 4-5-2022 16:56:38


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