2/6/2022 a 11/6/2022
A pluralidade do mundo reúne-se em Guimarães nos Festivais Gil Vicente
A edição de 2022 dos Festivais Gil Vicente emerge no calendário cultural de 2 a 11 de junho, em Guimarães, transportando-nos para o Centro Cultural Vila Flor (CCVF) e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), sempre às 21h30, para nos interpelar acerca de questões de fundo que organizam a nossa sociedade, como o poder e o caos, a tradição e a utopia, desprezo e opressão, violência e discriminação.
cardapio.pt @ 1-6-2022 17:41:17
Este ano, os Festivais Gil Vicente intensificam a imersão na realidade do teatro com a aposta nos novos protagonistas da criação teatral portuguesa, como Diogo Freitas e Sara Inês Gigante (ambos com trabalhos em estreia), Victor de Oliveira, auéééu, Sofia Santos Silva, Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu, que representam a renovação dramatúrgica em curso e um olhar questionador sobre o mundo.
No decorrer destes Festivais, também o Teatro Oficina entra em ação, enquanto companhia da casa, propondo "Depois do fim: um ciclo sobre o que acontece quando a escola acaba", composto por um workshop de teatro com Beatriz Batarda e umas jornadas de teatro dedicadas a estudantes de teatro e jovens profissionais, com acesso gratuito.
Neste seu novo ciclo de vida, os Festivais Gil Vicente afirmam um lugar estimulante e pertinente no panorama cultural português como evento de celebração das novas dramaturgias e novas formas de fazer teatro em Portugal. Cinco dos seis espetáculos apresentados são coproduzidos pel’A Oficina, reflexo de um investimento no futuro e na esperança depositada numa geração de criadoras e criadores que abrem caminho a outras perspetivas de interpretar e construir o (nosso) mundo.
Esta quinta-feira, 2 de junho, a abrir a 34ª edição dos Festivais Gil Vicente, seremos convidados a conhecer, em estreia, "Tratado, A Constituição Universal", o último espetáculo do ciclo “Democracia e os anos 90”, da Momento - Artistas Independentes. Encenado por Diogo Freitas, trata-se de um espetáculo, segundo as palavras do próprio, “que propõe uma reflexão sobre os ciclos da vida, da política e da história; sobre a urgência de repensar um tratado à Humanidade, sobre os assuntos que pensamos poder alcançar; mas também sobre o amor. Porque, tal como tudo é política, também tudo é amor”. Na sexta-feira, é a vez de Sara Inês Gigante estrear nos Festivais Gil Vicente a sua mais recente criação. "Massa Mãe" propõe o resgate das tradições, matéria cara a esta criadora que também assume aqui o lugar de intérprete. Artista e “mulher do Norte”, Sara Inês Gigante promete pôr a ‘mão na massa’ em cada uma das histórias que fazem parte da sua identidade enquanto minhota. A primeira semana dos Festivais Gil Vicente encerra no sábado com "Limbo", de Victor de Oliveira, criador moçambicano radicado em Paris que, neste monólogo, parte da sua própria experiência de vida para tentar compreender por que razão a disparidade entre brancos e negros é ainda abissal e os problemas são ainda relativamente os mesmos. Considerado um dos espetáculos mais marcantes de 2021 pelo jornal Público, “Limbo” questiona os conflitos de identidade dos mestiços (Mulatos) e os horrores da colonização e da política de hierarquia de raças, para perceber o lugar que ocupam, atualmente, os afrodescendentes nas antigas potências colonizadoras europeias.
Esse lugar aparentemente desagradável (limbo) segue em especulação na segunda semana dos Festivais com “O Desprezo” (9 junho) dos auéééu, que se propõem a pensar o sentimento de desprezo, esta ausência de consideração pelas relações que cultivamos nas nossas vidas, o exercício de poder dominante, a manutenção dos seres desprezados. E talvez uma das possíveis respostas ao tema acima formulado possa ser dada pelas duas peças que fecham esta edição, onde o poder da mulher responde de forma inteligente, firme e destemida ao contexto patriarcal e opressor. “Another Rose” (10 junho) de Sofia Santos Silva (obra vencedora da 4ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço) projeta um diálogo entre a realidade oriental e ocidental a partir de um contexto particular, propondo uma colaboração com Gulabi Gang, um grupo ativista fundado por mulheres no norte da Índia para dar resposta à violência sistémica e discriminação generalizada de uma sociedade assente em práticas e costumes patriarcais que banalizam a violência sobre as mulheres. Sobre esse combate nunca fechado contra a violência e censura, surge o espetáculo “Ainda Marianas” (11 junho), criação de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu a partir do livro “As Novas Cartas Portuguesas” publicado em 1972 por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. O livro foi prontamente retirado do mercado, acusado pelo regime fascista de “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, e as suas autoras levadas a julgamento. No ano em que se comemoram os 50 anos desta publicação, Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu encerram os Festivais Gil Vicente com um espetáculo que pretende convocar uma discussão em torno da memória coletiva, de um país, das suas gentes, e do seu tempo
Os Festivais Gil Vicente 2022 dispõem de uma assinatura geral para assistir a todos os espetáculos pelo valor de 30 euros e uma assinatura de 15 euros que possibilita assistir a 3 espetáculos à escolha. Estas assinaturas, bem como os bilhetes individuais para cada espetáculo (com um custo de 7,5 euros ou 5 euros com desconto), podem ser adquiridas online em aoficina.pt (onde é possível consultar toda a informação acerca deste evento) ou presencialmente nas bilheteiras do Centro Cultural Vila Flor, Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Casa da Memória e Loja Oficina, bem como nas Lojas Fnac, El Corte Inglés, Worten.
Neste período de intensa imersão no mundo teatral, o Teatro Oficina, enquanto companhia da casa e com a direção artística de Sara Barros Leitão ao longo deste ano, propõe-nos “Depois do fim: um ciclo sobre o que acontece quando a escola acaba”, sendo este composto por dois momentos a decorrer no Espaço Oficina: um workshop e um ciclo de jornadas de teatro.
De 6 a 9 de junho, a atriz, encenadora e professora Beatriz Batarda irá orientar um workshop de teatro destinado a estudantes de teatro que estejam nos últimos anos dos seus cursos, ou que tenham iniciado a sua experiência profissional nos últimos dois anos. A participação é gratuita, mediante inscrição e seleção, e implica disponibilidade em todas as sessões, bem como a aceitação do registo vídeo de alguns exercícios. As inscrições, com lotação limitada, devem ser efetivadas online através do formulário disponível em aoficina.pt.
Nos dias 10, 11 e 12 de junho, o Teatro Oficina oferece a possibilidade a estudantes de teatro preferencialmente avançados na sua formação ou em situação recém-profissional, de participar nas jornadas de teatro programadas por esta companhia. Sendo especialmente dedicadas a estudantes prestes a finalizar os seus cursos de âmbito teatral, estas jornadas não deixam de ser abertas a qualquer outro estudante de teatro que esteja noutro momento da sua formação, ou a quem saiu para o mercado de trabalho nos últimos dois anos de pandemia, em que o setor cultural esteve sobejamente afetado, e que sentem que ainda não conseguiram arrancar a sua vida profissional.
Tudo isto porque tal como afirma Sara Barros Leitão “Fazer teatro também pode ser pensar e discutir teatro”. Mas, para fazer teatro, é também preciso saber como se abre atividade, como registar propriedade intelectual, como se apresenta um projeto para coprodução, como se faz uma candidatura. Assim durante estes dias, surgem explicações sobre tudo o que estes amantes de teatro sempre quiseram saber, mas talvez nunca ninguém lhes tenha explicado. Desde a partilha de experiências sobre estudar no estrangeiro, ao acesso às bolsas de estudo, passando por uma explicação sobre o mundo das agências e das audições. A participação nos vários módulos destas jornadas é gratuita mediante inscrição prévia, sendo possível consultar mais informações em aoficina.pt.
cardapio.pt @ 1-6-2022 17:41:17
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