31/5/2024 a 1/6/2024 Peripécia Teatro: 20 anos e o regresso aos palcos de IBÉRIA

Para ver no Teatro Municipal de Vila Real

No pequeno espaço na aldeia de Benagouro (Vila Real) a que chama “casa”, a Peripécia Teatro encara o passado com orgulho e o futuro com expectativa. A Companhia está a assinalar 20 anos de um percurso eclético e multifacetado, tendo encontrado no humor e na ironia o seu modus operandi, e na promoção do acesso à cultura a sua missão. 

cardapio.pt @ 28-5-2024 17:45:54

Em jeito de celebração, o Teatro Municipal de Vila Real será palco, nos dias 31 de maio e 1 de junho, às 21h30, de uma “viagem ao passado”, com a apresentação de IBÉRIA – uma “versão renovada” da primeira criação da Peripécia Teatro.

20 anos de uma história que está “apenas a começar”

O ano de 2004 marca, oficialmente, o “nascimento” da Peripécia – mas a história não começa aqui. Os destinos de Sérgio Agostinho, Noelia Domínguez e Ángel Fragua cruzaram-se em Madrid, onde estudavam e apresentavam espetáculos em cafés, nas ruas e em qualquer outro local que os recebesse. Já em Portugal, procuraram, por todo o país, um espaço que os acolhesse, tendo-se estabelecido, num primeiro momento, em Macedo de Cavaleiros. “Peripécia” foi o nome escolhido para o projeto, por ser facilmente compreendido em português e em espanhol, e por aquilo que representava no teatro grego: uma reviravolta, a ideia de que tudo pode acontecer.

A história da Peripécia Teatro não carece de reviravoltas. Em 2007, o grupo instalou-se numa antiga escola primária de Coêdo, concelho de Vila Real, e, em 2022, o Centro Cultural e Recreativo de Benagouro passou a acolher a Sala Peripécia. Pelo caminho, não faltaram ideias nem a vontade de fazer algo de novo. 

Foi com Ibéria – A Louca História de uma Península, que a Companhia se deu a conhecer ao público, estabelecendo, desde o início, a comédia e o desejo de chegar a diferentes públicos como linhas orientadoras. Ao longo das últimas duas décadas, a Peripécia percorreu palcos nacionais e internacionais, apresentando, através de uma abordagem humorística e frequentemente interventiva, temáticas sociais, políticas ou ambientais a audiências de todas as idades. O Ensaio dos Abutres, Há um Cabelo na Minha Terra ou A Idade do Cacifo são exemplos da versatilidade artística que o grupo não dispensa.

“É apenas o início”, refere Sérgio Agostinho, codiretor artístico e membro fundador da Peripécia Teatro, que acrescenta: “Ao longo dos últimos 20 anos, o desejo de construir um legado palpável, que pudesse ser usufruído por diferentes gerações – incluindo as que ainda estão para vir –, foi um importante motor para todos nós. Isso materializa-se, claro, num portefólio artístico diversificado e com qualidade, mas também nas relações que fomos estabelecendo com a comunidade que nos rodeia. Acreditamos que a proximidade com aqueles que nos rodeiam é a chave para a longevidade da Peripécia, não obstante todos os desafios que surgiram ao longo dos anos”.

Uma viagem ao passado, pelo passado

Maio, mês de Peripécia. Nas próximas semanas, a programação proposta pela Companhia desafia o público a juntar-se à celebração deste marco, que culmina, nos dias 31 de maio e 1 de junho, na apresentação de duas récitas de IBÉRIA. O momento assinala o regresso aos palcos de Ibéria – A Louca História de uma Península. Duas décadas depois da estreia, em 2004, e depois de 13 anos em digressão – tendo passado por várias salas nacionais, por Espanha e pelo Brasil –, o Teatro Municipal de Vila Real recebe o espetáculo com uma nova “roupagem”.

Numa verdadeira “viagem” ao passado, os atores, juntamente com o encenador José Carlos Garcia, propõem uma (re)visita à história comum dos povos peninsulares, convidando a uma reflexão crítica e humorística sobre o imaginário coletivo das nações ibéricas. O poeta e dramaturgo Constantino Alves foi, no ano de estreia, um dos primeiros espectadores desta criação: “Um espetáculo que fala dos episódios da História mais ou menos pateta que liga Portugal e Espanha ao longo de mais de 1.000 anos, coisas contadas de maneira divertida, com sabor crítico e inteligentemente encenado; um teatro despojado de artifícios, centrado no jogo inteligente dos atores, dotados de muita eficácia técnica; um humor inteligente e trabalhado, de primeira água”, dizia.

Sobre esta “reescrita”, Sérgio Agostinho sublinha: “Quando optámos por revisitar este espetáculo, a nossa intenção não era, unicamente, ‘regressar às origens’, apesar de olharmos com enorme orgulho para aquele que foi o nosso ponto de partida. Pretendíamos, sim, refletir sobre o passado e o nosso percurso, como forma de ganhar alento e novas perspetivas para o futuro”. O diretor artístico aponta “a convicção que só a experiência pode trazer, e uma componente visual renovada, com novos cenários e figurinos” como os principais fatores distintivos desta IBÉRIA consolidada. A música ao vivo e a sonoplastia de Bruno Mazeda vão também elevar o espetáculo.

Refira-se que estão já marcadas outras cinco récitas de IBÉRIA: 6 de junho, no Centro de Artes de Sines, às 21h30; 7 de junho, na Escola Secundária Padre António Macedo (Vila Nova de Santo André), às 21h30; 8 de junho, no Auditório Municipal António Chainho (Santiago do Cacém), às 21h30; 29 de junho, no Espaço Octógono (Fundão), às 21h45; 7 de julho, na Praça do Município (Braga), às 21h45. As apresentações servirão, ainda, de mote a uma homenagem a Peter Brook, um dos mestres do teatro dos séculos XX e XXI, cujo legado foi uma das principais inspirações por detrás desta criação – e de todo o repertório da Peripécia Teatro. O produtor e encenador de teatro britânico faleceu em 2022.

Duas décadas resumidas em “quadradinhos”

A festa não fica por aqui. Os 20 anos da Peripécia ficarão também registados num livro de banda desenhada que a Companhia preparou, intitulado “PERIPÉCIA TEATRO, 20 anos sobre as tábuas (e com elas às costas)”, explorando as curvas e contracurvas deste trajeto. O artista e ilustrador Zetavares – habitual colaborador da Peripécia Teatro – e a jornalista e escritora Sara Figueiredo Costa foram desafiados a participar na criação desta edição comemorativa, que pretende contar, através de um formato situado entre a banda desenhada e o diário de bordo, a história da Companhia

A sessão de 24 de maio do “Lua Cheia, Arte na Aldeia” – iniciativa que está a celebrar, também, uma década de existência e que propõe, em todas as noites de lua cheia, uma programação cultural diversificada na aldeia de Benagouro – foi o momento escolhido para dar a conhecer à comunidade envolvente e a todos os curiosos as primeiras pranchas desta aventura literária. Numa noite inteiramente dedicada ao aniversário da Companhia, o quarteto instrumental The Panic Party animou os presentes. O grupo de Vila Real convidou o público para uma viagem por diferentes géneros musicais, recriando o som dos conjuntos portugueses da década de 1960 e das bandas surf americanas da mesma época.

Os bilhetes para as récitas do espetáculo IBÉRIA, a 31 de maio e 1 de junho.

cardapio.pt @ 28-5-2024 17:45:54


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