20/5/2022 a 20/5/2022 Maguy Marin apresenta "May B" em Guimarães

O corpo e o movimento regressam graciosamente ao Centro Cultural Vila Flor no próximo dia 20 de maio com a reputada coreógrafa Maguy Marin a apresentar aquela que é já considerada uma obra-prima da história da dança contemporânea. A peça é baseada em textos e personagens do dramaturgo e escritor irlandês Samuel Beckett, que anseiam por quietude, mas não conseguem deixar de se mover. Criada em 1981 e coproduzida pela Compagnie Maguy Marin e pela Maison des Arts et de la Culture de Créteil, “May B” é agora apresentada pelas 21h30 no Grande Auditório Francisca Abreu, em Guimarães.

cardapio.pt @ 11-5-2022 12:02:53

Maguy Marin "May B" ©Herve Deroo

Maguy Marin "May B" ©Herve Deroo

Fundadora de um discurso e momento raros por ter conseguido dar às palavras de Samuel Beckett o corpo que há tanto tempo procurava, “May B” foi uma conquista da coreógrafa francesa Maguy Marin face à resistência do dramaturgo irlandês em aceitar que as suas peças fossem adaptadas. Ele não só aprovou o projeto, como também a convidou para se encontrarem e discuti-lo, tornando “May B” numa criação única e intemporal. 

Inicialmente, Maguy terá pensado criar a peça a partir da segunda parte do texto “Fim de Partida” de Beckett. Mas o encontro com o escritor, onde falaram do que ela desejava fazer, deixou-a com o sentimento de libertação, quando ele lhe aconselhou a não respeitar o texto e trabalhar sobre a intuição. É também na conversa com o escritor que se inspirou para o uso das palavras que suscitam uma estrutura de início e final de peça. Essas poucas palavras que ainda se escutam em cena, extraídas de “Fim de Partida”, têm um duplo significado para o espetáculo.  

Em “May B”, obra de arte da dança contemporânea de Maguy Marin estreada há mais de 40 anos (em 1981), a carga simbólica de reivindicação política é transportada por um coletivo de figuras que anda em grupo. E contém os elementos a partir dos quais se constrói a identidade artística desta criadora, assumindo-se como a obra seminal geradora de todas as questões que são posteriormente colocadas, como ritmo, o ensemble, a escuta, o jogo teatral, a precisão do corpo. 


Maguy Marin "May B" ©Herve Deroo

Maguy Marin "May B" ©Herve Deroo

O título de “May B” condensa múltiplos sentidos e é, desde logo, uma possível interpretação de uma homenagem à mãe de Samuel Beckett, que se chamava May. E nesta coreografia de Maguy o que resta do texto é: “Acabou. Está acabado. Isto vai acabar. Isto vai talvez acabar.” Naqueles corpos e rostos de pó, cansados de um movimento perpétuo que não os leva a lado algum, uns encurvados, outros tortos, outros desamparados ou simplesmente perdidos. Também suportados pela intensa relação com a música original de Franz Schubert, Gilles de Binche e Gavin Bryars, numa partitura rítmica muito precisa que nos leva a explorar o imaginário através do corpo. 

A coreógrafa e bailarina Maguy Marin nasceu em Toulouse, filha de espanhóis fugidos do regime de Franco. Desde os anos 1970, Marin cria as peças de dança com preocupações sociais que a tornaram numa das figuras mais importantes da nova dança francesa. É uma das coreógrafas francesas que alinha o ato de dançar com o ato de pensar a sociedade, criando peças que nos levam a questionar o quotidiano, que as tornam inesquecíveis. A radiante carreira de Maguy Marin é marcada por uma reivindicação da alteridade por via do gesto artístico, tendo como uma das suas reivindicações, desde os primórdios da sua criação coreográfica, o ato de trabalhar com intérpretes cujos corpos estão/são libertos da sua condição de corpos de bailarinos.  

Os bilhetes para assistir ao espetáculo “May B” estão disponíveis pelo valor de 10 euros ou 7,5 euros com desconto nas bilheteiras físicas do Centro Cultural Vila Flor, Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Casa da Memória e Loja Oficina, bem como online em oficina.bol.pt e www.ccvf.pt.

cardapio.pt @ 11-5-2022 12:02:53


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