Antiga Colecção Bouza Serrano – Museu Oriente
A força das coisas frágeis
Adquirida em 2019 pela Fundação Oriente ao Embaixador José de Bouza Serrano, esta coleção de porcelana chinesa de exportação é formada por 170 peças, dos séculos XVII a XIX (da dinastia Ming à dinastia Qing).
cardapio.pt @ 17-7-2023 10:51:32
Constituída ao longo de cerca de 30 anos de carreira diplomática pelo Embaixador Bouza Serrano, nela estão representadas as várias técnicas de coloração: azuis e brancos, esmaltes da “família verde”, da “família negra”, do “Imari” chinês e japonês, da “família rosa”, monocromáticos, “blanc de chine”, “grisaille” e sépia. A gramática decorativa é variada e inclui motivos florais, cenas inspiradas em gravuras europeias relativas a temas marítimos, brasões e monogramas heráldicos, paisagens, cenas da vida familiar, mitológicas, fábulas de La Fontaine ou de Esopo, estilo de Meissen e também temas chineses.
Os núcleos fortes desta colecção são os azuis e brancos e as peças da “família rosa”. De particular interesse são duas peças feitas para o mercado persa, cuja porcelana espessa se diferencia da restante, fina e delicada. Conhecida pelos especialistas graças à publicação Louças da China, ao gosto ocidental (2000), registo exaustivo e detalhado das cerca de 170 peças que a constituíam nessa data, a Antiga Colecção Bouza Serrano nunca foi exposta ao público.
Porcelana Chinesa de Exportação no acervo do Museu do Oriente
Neste mês de Julho, 124 das peças mais significativas da Antiga Colecção Bouza Serrano passam a integrar a exposição permanente Presença Portuguesa na Ásia. Trata-se de um importante enriquecimento do acervo do Museu do Oriente, cuja colecção de porcelana chinesa de exportação é hoje uma das mais importantes do país.
Totalizando 498 peças, distingue-se quer pelo arco temporal abrangido, quer pela diversidade de tipologias formais, técnicas e decorativas. Da Kraak Porcelain azul e branca do século XVI, a peças comemorativas da implantação da república no início do século XX, a coleção do Museu do Oriente inclui dois exemplares de primeiras encomendas para o mercado ibérico, porcelana de mesa armoreada, entre terrinas, jarrões, floreiras e outras peças de aparato, elegantes conjuntos de chá e café ou raridades como uma bacia degolada com as armas da família Costa, inspirada num modelo em metal.
A porcelana encerra um manancial de informação crítica para contar a história das relações entre Oriente e Ocidente, nas mais diferentes vertentes: economia, geopolítica, arte, cultura, religião. Nesta perspectiva, a consolidação do acervo de porcelana tem sido uma aposta estratégica da Fundação Oriente ao longo dos anos.
O núcleo inicial de 110 peças com que o Museu do Oriente inaugurou em 2008, tem vindo a crescer, fruto de uma política sustentada de aquisições, junto de antiquários, leilões e coleccionadores privados, em Portugal e no estrangeiro. Entre as mais significativas conta-se, em 2018, a aquisição da Antiga Colecção Cunha Alves, 209 peças dos séculos XVII a XIX e decoradas com cenas de género, mitológicas e religiosas, feitas a partir de registos europeus.
A integração da Antiga Colecção Bouza Serrano, que agora se apresenta pela primeira vez, vem posicionar o Museu do Oriente como uma referência no panorama das artes decorativas, no geral, e da porcelana em particular. Através das suas formas, usos e proveniências, a porcelana conta-nos múltiplas histórias sobre as redes de comércio transatlântico, as mudanças sociais na Europa, os discursos de poder e privilégio das cortes onde a porcelana reinava e o diálogo entre artistas e artífices de ambos os hemisférios.
Esta exposição é o primeiro de uma série de novos núcleos expositivos, a revelar até ao final do ano, e que constituem uma reconfiguração do discurso museológico e museográfico da exposição permanente da Presença Portuguesa na Ásia.
cardapio.pt @ 17-7-2023 10:51:32
Clique aqui para ver mais sobre: Exposições