Entusiasmo da criação artística reflete-se em casas culturais de Guimarães para ligar público e artistas

O entusiasmo da criação artística reflete-se na programação proposta pel’A Oficina em Guimarães para os meses de janeiro, fevereiro, março e abril, dando vida às artes performativas, visuais e tradicionais que esta instituição cultural trabalha e tem como missão promover para usufruto e exploração de todos os públicos. Uma grande viagem com escala regular no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), Casa da Memória de Guimarães (CDMG), Loja Oficina (LO), Espaço Oficina (EO), e ainda com passagem garantida no renovado Teatro Jordão (TJ).

cardapio.pt @ 4-1-2023 16:28:37

A acompanhar esta revelação do programa artístico d’A Oficina para o primeiro quadrimestre de 2023 e da nova direção artística do Teatro Oficina para este novo ano (com Mickaël de Oliveira), é também lançada a nova agenda e um vídeo de apresentação com ideias fortes e algumas linhas de destaque das propostas aqui expressas.


As artes performativas, ancoradas no Centro Cultural Vila Flor e dirigidas artisticamente por Rui Torrinha, reservam-nos nestes meses uma programação com dois festivais – o GUIdance em fevereiro (dias 2 a 11) e o Westway LAB em abril (dias 12 a 15) –, uma intensa colaboração com o Teatro Nacional D. Maria II, da qual faz parte a “Odisseia Nacional”, programa a decorrer em Guimarães de 30 de março a 1 de abril com encontros, palestras, debates e um espetáculo, sendo apresentado neste âmbito  o “Hopeless.” de Sergiu Matis (31 março, 21h30), bem como também a conferência "Cenários" e outras atividades diversas.


Casa de uma larga comunidade artística nacional, internacional e de todos os que já o visitaram e de todos aqueles que se preparam para o fazer, o CCVF recebe em janeiro, mais concretamente no dia 21 às 21h30, dois prodígios da cultura contemporânea portuguesa – Mário Laginha e Pedro Burmester – para nos deliciarmos com uma química única no seu percurso. Avançando para fevereiro, surge uma criação especial (que merece ser pesquisada) chamada “Zoo Story”, de Marco Paiva, um espetáculo com dupla apresentação no CCVF a 24 e 25 de fevereiro, às 21h30 e às 16h00, respetivamente. Já em março, surgem propostas como “Ensaio de Orquestra” de Tónan Quito (11 março, 21h30) – inspirado no filme realizado por Federico Fellini em 1978 e aqui com a Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal – e “O Corpo Clandestino” de Victor Hugo Pontes (17 março, 21h30), o mais consagrado coreógrafo vimaranense, com repercussão cada vez mais ampliada. Mais para o fim do quadrimestre, em abril surge uma proposta marcante no dia mundial da dança: “Orpheu” (29 abril, 21h30), uma ópera dançada, de Pedro Ramos, estabelecendo uma relação entre a obra literária mitológica de Ovídio, a dança e a composição sonora eletrónica.


"Corpo Clandestino" ©Estelle Valente

"Corpo Clandestino" ©Estelle Valente

Propagadas por outros espaços de Guimarães, as artes performativas também se fazem sentir no CCC, um espaço incontornável da nova criação de artes performativas em Portugal, que continua a ser ponto de passagem obrigatório de alguns dos principais criadores nacionais e internacionais, acolhendo entre janeiro e abril de 2023 a criação de projetos de vários âmbitos, como a dança, a música e o teatro, ao comando de nomes como Alice Azevedo, no âmbito da parceria entre A Oficina e a "Odisseia Nacional do TNDMII"; a dupla de coreógrafos Joana von Mayer Trindade & Hugo Calhim Cristóvão com o processo de criação da peça “Onde está o Relâmpago que Vos Lamberá as Vossas Labaredas” a ser apresentada em novembro no CCVF; Tita Maravilha, vencedora da 5ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço (peça a apresentar na próxima edição dos Festivais Gil Vicente); bem como as residências artísticas do Westway LAB que juntam músicos portugueses e estrangeiros.

Também o Espaço Oficina vai continuar a cumprir, em 2023, as três linhas de orientação – fruição, formação e criação – ativadas pela companhia que o habita: o Teatro Oficina. Assim, as Oficinas do Teatro Oficina (OTO) vão ocupar o primeiro quadrimestre, com as três turmas constituídas no último terço de 2022, enquanto a nova direção artística, da responsabilidade de Mickaël de Oliveira, se instala para dar corpo a um novo programa com forte dinâmica no domínio da criação. 

Mickaël de Oliveira nasceu em 1984, em França e vive em Portugal desde 1999. É licenciado e mestre em Estudos Artísticos – Variante Teatro, tendo concluido em 2013 o seu doutoramento na área da dramaturgia contemporânea portuguesa e europeia. Escreve para teatro desde 2004, tendo cofundado o Colectivo 84 em 2008 com John Romão, estrutura na qual desenvolve o seu trabalho de escrita e de encenação. Tem colaborado igualmente com outras companhias como a Cão Danado (Porto), Teatro Nova Europa (Porto) e DayforNight (Paris). O seu percurso foi galardoado em 2007 com o Prémio Nova Dramaturgia Maria Matos (Teatro Municipal Maria Matos, Lisboa), entre outras distinções recolhidas ao longo do seu percurso. Autor de diversos textos (contando com traduções para várias línguas estrangeiras), entre os quais “Oslo – Fuck Them All and Everything Will Be Wonderful” (em cocriação com Nuno M Cardoso), apresentado na 28ª edição dos Festivais Gil Vicente, em Guimarães. Tendo já colecionado várias experiências na área do ensino, foi diretor adjunto do Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra) de 2011 a 2015, e diretor artístico do projeto 'Encontros de Novas Dramaturgias Contemporâneas', que pretende promover a dramaturgia contemporânea portuguesa e internacional.


Exposição Catarina Domingues e Ricardo Ribeiro

Exposição Catarina Domingues e Ricardo Ribeiro

No campo das artes visuais, o programa preparado para o primeiro quadrimestre de 2023 do CIAJG explora os sentidos daquilo que é próximo e longínquo, refere Marta Mestre, diretora artística do CIAJG e Artes Visuais d’A Oficina. A passadeira de novidades também se estende neste domínio, e a 25 de fevereiro vai ter lugar a o lançamento da open call para os Laboratórios de Verão realizada em conjunto com o Gnration (Braga). Direcionada ao apoio à criação emergente de artistas e coletivos que trabalham várias áreas da criação (imagem, som, interatividade, dança, performance ou cruzamentos disciplinares) a partir desta região, possibilita-se desta forma o suporte para vários artistas efetivarem as suas produções, a desenvolver em residência artística nos dois espaços – CIAJG em Guimarães e Gnration em Braga. Na mesma data, é lançada a publicação do CIAJG que condensa as exposições “Heteróclitos: 1128 objetos” (que ocupa a totalidade do piso 1 do museu num momento inédito em que o público pode ver, pela primeira vez, toda a coleção do CIAJG, composta por arte africana, europeia, pré-colombiana e chinesa antiga, e obras de José de Guimarães), “Sara Ramo, Atirando Pedras” – que se encontram atualmente patentes no CIAJG (assim como A Exposição da ZDB) – e “Língua do Monstro”, individual do artista Pedro Barateiro, realizada em 2022.

Posteriormente, destaca-se naturalmente o próximo ciclo de exposições a viver no CIAJG, contando, nomeadamente, com a presença de uma figura chave na arte contemporânea, um artista que ocupa um lugar central na história da arte contemporânea brasileira – Artur Barrio – e que transita entre Portugal e o Brasil, trazendo aqui também um olhar sobre o contexto africano. Haverá com uma grande instalação do artista, feita em parceria com o museu SMAK (Stedelijk Museum voor Actuele Kunst) de Gent, que irá ampliar o eco deste artista que ‘ainda’ não é sobejamente conhecido por quem habita em Portugal. Tudo isso acontece em interação com os trabalhos e as coleções de José de Guimarães, que habitam o CIAJG em permanência deixando um contínuo convite à visita de todos nós.

De relevar ainda que, no Palácio Vila Flor, continua patente “O verdadeiro lado da manta, de Sara & André”, até 4 de março. Uma mostra que dá lugar à exposição “A prática do infinito pela leitura”, de Catarina Domingues e Ricardo Ribeiro com inauguração a 25 março, às 15h.


Encontros no fio da conversa

Encontros no fio da conversa

Fazendo a triangulação artística com rumo às manifestações tradicionais, a Casa da Memória de Guimarães assume-se como um lugar central de encontro entre artistas, artesãos, pensadores, oferecendo um acolhimento destes e de todo o público que ao longo dos últimos anos aqui participa e assiste à sua programação. E é exatamente através desse prisma que começa a programação deste novo ano com “A Casa Acolhe”. Um programa que transforma a exposição da Casa da Memória, constituída por diversos núcleos dedicados a distintas temáticas. A partir de 18 de fevereiro (16h), com a fundamental colaboração da AAELG - Velhos Nicolinos para a mobilização dos grupos e das pessoas envolvidas, abre-se espaço para um transformado e evoluído núcleo expositivo dedicado às Nicolinas.  

Os “Colóquios Simples” surgem logo em março na Casa, inspirados num grande humanista e médico, Garcia da Horta. E no mesmo mês atravessamos também o espírito dos lugares com o “Remoinho”, um projeto que vive com e nos lugares, vive com a comunidade, e com Liliana Duarte, que também mobiliza as pessoas em torno das questões do património material e imaterial d os moinhos do Vale do Ave, incluindo algumas freguesias do concelho de Guimarães ligadas ao rio.  
 

E desta Casa – que a 25 de abril festeja sete anos desde a sua abertura, com um programa diverso de atividades – partimos também para a Loja Oficina e para começar com a inauguração de uma exposição criada em memória de uma pessoa fundamental na história, muito ligada à literatura – Antero de Quental, alguém com ligação de profunda amizade com Alberto Sampaio e José Sampaio. Num tributo às fortes amizades, renova-se a exposição dedicada a Alberto Sampaio que se encontra na sua casa de nascimento, inaugurando ““Que te parece a impiedade?”: Antero e os Sampaio” a 31 de março, às 18h.

Tudo se une, tudo se entrelaça, releva Catarina Pereira (diretora artística da CDMG e Artes Tradicionais d’A Oficina). E todos n’A Oficina estão preparados e a aguardar a visita de todos a esta casa e às casas d’A Oficina para usufruir da cultura e do património.

Conversas de corpo @Yuji Kodato

Conversas de corpo @Yuji Kodato

De ressalvar também que, no âmbito da programação especialmente dedicada aos mais novos e às famílias, a unidade Educação e Mediação Cultural (EMC) d’A Oficina dirigida por Francisco Neves propõe diversas atividades para os próximos meses, como são o caso dos espetáculos “Conversas de Corpo”, de Clara Bevilaqua e Guilherme Calegari (14 janeiro, 11h00 e 15h30); “Espanto”, de Ana Madureira e Vahan Kerovpyan (18 fevereiro, 16h00); “Má Educação” – Peça em 3 Rounds” (4 março, 16h00), da Formiga Atómica / Inês Barahona e Miguel Fragata, que também apresentam a conferência “O meu Ministério da Educação” no dia anterior (3 março, 10h30); ou o espetáculo-oficina de dança “Miocárdio”, de Marina Nabais, ás quais se juntam um conjunto de oficinas artística e visitas de variada índole.

E é nestas casas que tudo vai acontecer, com uma programação que convida, com entusiasmo, a descobrir estas e outras propostas culturais de janeiro a abril. Casas que reúnem e interligam artistas e públicos em torno de uma matéria que nos torna mais completos e que, com todos, contribui para a nossa evolução, em sociedade. 

Este é igualmente o momento para apresentar a agenda com a programação destes próximos meses, a qual pode ser encontrada a partir de agora nos espaços trabalhados pel’A Oficina e online em www.aoficina.pt e páginas associadas, onde poderá encontrar a totalidade das propostas artísticas à disposição. E ainda para o lançamento de um vídeo com apresentação das principais ideias desta programação na voz das direções artísticas d’A Oficina.

cardapio.pt @ 4-1-2023 16:28:37


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