28/2/2024 a 3/3/2024 Morto o Cão Acabou-se a Fúria, a vida de Luiz Pacheco

No Teatro do Bairro, em Fevereiro

Luiz Pacheco foi tudo na cultura portuguesa. Um escritor diferenciado, um editor requintado e um selvático polemista. Luiz Pacheco foi o cão, ou seja, a consciência da cultura portuguesa e levantou a voz quando escritores oficiais ou panfletários eram a norma. O percurso de Luiz Pacheco foi uma viagem política, estética e até geográfica de um proscrito, de um exilado interno e de um degenerado.

cardapio.pt @ 1-2-2024 12:04:28

Que significam hoje todas estas palavras no meio da cultura? Pode a cultura atual olhar para uma figura tão complexa e autêntica? Porque é que temos a sensação de que autores como este aconteciam noutros tempos? Como vive hoje essa sintaxe, o que podemos ter no nosso corpo dessa voz torcida até ao limite?

Cláudio da Silva, o actor da peça a construir, contém em si mesmo todas estas complexidades, esta lucidez física sobre uma época sem ideias fortes. Por outras palavras, Cláudio da Silva será o escritor no seu laboratório, na sua oficina, nas suas peregrinações, na sua busca desesperada por amor e corpos. Homens e mulheres, jovens e velhos. Diz-se que Pacheco gostou de tudo.

Estamos certos de que Pacheco seguiu uma poética e seguiu um plano em cada passo que deu. Seguiu a sua fome pela vida e pela pele. Seguiu a sua vitalidade extrema e desesperada. A geografia de Pacheco é a de uma Lisboa que se

estende. Só deixou Portugal uma vez na vida mas era um libertino, um comunista e um anarquista.

Luiz Pacheco foi a medida da cultura portuguesa durante mais de 50 anos. Luiz Pacheco despiu-se e diz que não precisa de nada, mas precisa de tudo. E é essa atenção o que o caos lhe oferece. De facto, esta vida e este espetáculo são a história de uma queda, de um corpo que é derrotado pelo tempo e pela escrita.

MORTO O CÃO ACABOU-SE A FÚRIA, a vida de Luiz Pacheco

Teatro do Bairro, de 28 de Fevereiro a 3 de Março, a classificar pela CCE . 60min (aprox.)

Ficha Artística e Técnica

Ideia original e texto: Pablo Fidalgo Lareo; Co-criação:

Pablo Fidalgo Lareo, Cláudio da Silva e Carolina

Dominguez; Apresentação: Cláudio da Silva;

Direcção técnica: Bruno Santos; Produção: Carolina

Dominguez, Cláudio da Silva e Pablo Fidalgo Lareo;

Parcerias: Editora SNOB, Palettentheater Kollektiv,

Teatro do Bairro, Teatro Municipal Joaquim

Benite e Zdb – Galeria Zé dos Bois; Co-Financiado:

República Portuguesa - Cultura / Dgartes – Direção-

-Geral das Artes

Promotor: Ar de Filmes

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