Exposição de Desenho e Pintura de Adriana de Matos

“Res Divina / Rés Humana” é o confronto de duas séries de trabalhos de desenho e pintura. É o espaço ocupado pelo ‘entre’ o Divino e o Humano, o espaço caracterizado pelo ‘rés-vés’ espiritual e pelo ‘rés-vés’ material. É o lugar encontrado no ambíguo e confuso jogo de memórias visuais que aqui apresento, mas também o lugar de um confuso jogo de palavras.

Rés: uma palavra que rasa, rente, que não define ainda um lugar certo nem uma coisa certa. Rés Humana: ainda não o é.

Res: uma outra palavra, latina, que significa uma coisa, assunto, objecto. Res Divinae, expressão adaptada da terminologia romana antiga pela religião católica, refere-se a todos os assuntos divinos.

Existe, nos dois conjuntos de trabalho, uma forte ligação ao espectro da memória visual e cultural uma memória enganosa. É evocada em nós uma forte sensação de reconhecimento e de identificação face a estes trabalhos, mas também de estranheza de uma natureza sinistra.

“Res Divina” – Pressentimos as temáticas do conjunto de pinturas como actos humanos, corriqueiros, mundanos; mas, no entanto, existe nelas algo desconcentrante, uma res que reconhecemos como forte reminiscência da história cultural europeia, predominantemente cristã cultura esta que me tem fascinado, e que tem influenciado os meus trabalhos. Em gestos fotográficos vemos reflectidos mais de dois mil anos de repetições temáticas, de cenas pictóricas repetidas, repetentes e, na sua maioria, dolorosas e morais.

“Rés Humana” – Novamente, no conjunto de desenhos, a nossa memória visual é activada no sentido da sua desorientação: o monocromático, o preto e branco e a frontalidade, remetem-nos para as qualidades da fotografia antiga, dos primórdios da mesma que nos demonstram os antepassados que já não estão entre nós. Oferecemos imediatamente um espectro divino e pesaroso às faces e vultos que observamos. Contudo, ressalta-nos subitamente a falta de informação que possuímos acerca das crianças representadas. Não sabemos se são crianças do passado ou do presente, e não sabemos sequer se chegaram a existir.

Adriana de Matos nasceu em Azambuja, em 1988. Estudou na Escola Artística António Arroio e realizou a licenciatura em Pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. É mestre em Arte, Património e Teoria do Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com especialização em arte tardo-medieval e pós-moderna. Trabalha também como assistente de exposição no Museu Colecção Berardo e como retratista freelance.

Artigos:

- Oradora convidada no 9º Colóquio Internacional “Law and Compassion, Drama and Pity: The search for a common ground”, com o artigo «A auto-representação da dor: reacções à performance da Idade Média e do Pós-Modernismo» 2013.

- Publicação do Artigo «O Corpo de Bas Jan Ader» na Revista Paraquedas, 1ª Edição 2013.

Exposições:

- XVII e XVIII Exposições Internacionais de Artes Plásticas de Vendas Novas 2011 e 2013.
- Exposição Coletiva de Tapeçaria Contemporânea, “ArtLab Next Vision”, Núcleo da Real Fábrica Veiga, Museu de Lanifícios, Covilhã 2012.
- Realização de obra de Arte Pública (colocada na entrada do Museu Municipal) a convite do Município de Azambuja – 2011.
- Exposição Coletiva “A História e o Corpo”, Galerias da Casa da Cultura de Seia – 2011.
- Exposição Coletiva do Prémio de Artes Irene Lisboa, de Arruda dos Vinhos 2011.
- Exposição Coletiva de participantes do CIID- Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros 7ª edição – do Museu da Lourinhã e consequente exposição 2011.
- Exposição Coletiva de Pintura Finalistas de Belas-Artes, Galeria do Palácio Galveias 2011.
- Exposição Coletiva de Tapeçaria Contemporânea no Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino – 2010.
- Exposição Coletiva dos Finalistas de Pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Centro Cultural da Nazaré 2010.

Nomeações:
- Menção honrosa no Artis X – Festival de Artes Plásticas de Seia, com a tela O Beijo de Judas 2011.
- 1.º Prémio Tricana / FBAUL – Concurso de Tapete Contemporâneo 2011.

Exposição patente ao público até 25 de março – entrada gratuita.