O espírito da Grécia em Almada

No primeiro dia deste ano de 2015 abriu um novo espaço no coração de Almada Velha: Kalamata, espírito mediterrânico, que é uma mercearia e casa de petiscos mediterrânicos tradicionais e também vegetarianos.

@ 4-2-2015 10:32:55

© Kalamata

© Kalamata

Além de produtos vindos directamente da Grécia, na Kalamata vendem-se produtos de França, Itália, Espanha e uma potente e deliciosa harissa da Tunísia. Portugal tem todas as regiões representadas, desde a poncha da Madeira até à flor-de-sal do Algarve, passando pela pimenta da terra e compotas dos Açores, pelos enchidos, azeites e sabonetes do Alentejo, pelos sabores da serra da Arrábida contidos no vinho, mel e bolinhos da região e pelos cuscos, casulas e batatas fritas de Trás-os-Montes. Também de Trás-os-Montes vêm as tradicionais amêndoas cobertas, de Torre de Moncorvo, e as amêndoas assadas com açúcar e canela que rivalizam com as amêndoas gregas caramelizadas com sementes de sésamo ou com sabor a framboesa.

Portuguesas são também as tábuas de cozinha, as saladeiras, as caixas e os piões, feitos com as melhores madeiras portuguesas por talentosos artesãos de Pernes, que até o Jamie Oliver já conquistaram.

A inspiração para este delicioso espaço surgiu numa viagem à Grécia, que fascinou os dois proprietários pelo modo de vida, prazeroso, com influência oriental, sentida através da serenidade, do convívio nas praças partilhando apenas algumas amêndoas ou azeitonas, sentindo correr o tempo devagar e saboreando o enorme peso da sua cultural ancestral sempre presente, sempre sentida a cada virar de esquina. Na altura, em 2013, por cá ouvia-se e repetia-se com orgulho “Portugal não é a Grécia” e perante aquela forma de viver partilhando e convivendo em toda e qualquer praça pública ou recanto acolhedor, estes portugueses comentavam entre si como gostariam de ver aquele espírito em Portugal.

E se bem pensaram, melhor o fizeram. Transportaram esse espírito para uma ruela de casas caiadas e portadas verdes. Conceberam um local onde apetece estar, pois até livros e revistas antigas convidam a viajar no tempo e na geografia do vizinho mediterrâneo. As visitas são mimadas com bolos feitos pela mãe de um dos sócios, a D. Olinda, que faz os bolos de maçã e de rosas, a torta de cenoura e as farófias como se a felicidade do filho ainda dependesse (e depende!) desse amor transformado em sabor e aroma de conforto.

Rui Roque, que herdou os dotes culinários da mãe, esmera-se na focaccia, nos rissóis de camarão e nas empadas de galinha, que em apenas um mês já ganharam grande fama no bairro.

Também os almoços saem das mãos e da inspiração do simpático Rui, que faz sempre uma sopa saciante, um prato tradicional mediterrânico (afinal a cozinha portuguesa já foi classificada como tal) e um prato vegetariano. Pode haver frangalho (frango em pedacinhos com alho, de inspiração açoreana) com arroz e legumes e uma moussaka vegetariana (com grão-de-bico e lentilhas) ou almôndegas no forno com couscous e legumes e bife de tofu marinho ou lombinhos de porco no forno com migas e feijoada vegetariana com cogumelos e muitos, muitos outros pratos nutritivos e plenos de sabor. As sopas são sempre bastante consistentes, como por exemplo: sopa de grão com couve lombarda; sopa de lentilhas e coentros; sopa de feijão com couve portuguesa; caldo verde ou creme de camarão com vegetais.

Os doces do Rui viciam. Faz um delicioso cheesecake cozido (cuja origem remonta à Grécia Antiga e que chegou a Nova Iorque pelas mãos experientes das emigrantes gregas), bolo húmido de alfarroba, bolo de chocolate e a típica farinha torrada de Sesimbra, com que os pescadores desta vila saciam a gula no alto mar.

A Grécia sobressai nos petiscos, onde encontramos queijo saganaki grelhado com limão e orégãos, queijo fumado, melitzanosalatata (pasta de beringela), tzatziki (tradicional salada grega) spanakopita (caracol de massa filo recheada com espinafres ou pasta de azeitonas kalamata), dolmas (folhas de videira recheadas com vegetais) e verdadeiros queijo fetta e iogurtes gregos.

No entanto, os petiscos servidos são incontáveis, pois só dependem da inspiração do momento e da elevada qualidade dos produtos seleccionados disponíveis na mercearia, o que é garantia de serem sempre deliciosos.

15 lugares aconchegantes esperam visitas e no Verão também haverá esplanada, garante Jorge Bandarra, o outro sócio, que assegura a gestão do negócio.

Kalamata é o nome de uma pequena cidade costeira do mediterrâneo, situada no sudoeste da península do Peloponeso e famosa por dar o seu nome a uma varietal de azeitona, mundialmente apreciada, bem como o seu azeite, que estão à prova e à venda na Kalamata, espírito mediterrânico.

Para já, este espaço chamou à atenção da Câmara Municipal de Kalamata, que graças às maravilhas da internet já contactou os proprietários felicitando-os pela iniciativa e informando que irá enviar alguns guias da cidade, assim como receitas típicas.

Será que os ventos de mudança que se agitam na Grécia chegarão a Portugal pela Boca do Vento (miradouro sobre a foz do Tejo e o esplendor de Lisboa, situado a poucos metros da Kalamata, espírito mediterrânico)?

@ 4-2-2015 10:32:55


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