12/1/2019 a 12/1/2019 Idiossincrasias

Sabemos hoje que Abel Salazar foi um dos primeiros artistas gravadores do inicio do séculoXX Português. A sua utilização da técnica ainda se destaca pela contemporaneidade na abordagem,focada sobretudo nas características expressivas da própria gravura. Esta surge na sua obra comoum meio de produção de imagens, a par do desenho e da pintura, não se esgotando na sua vocaçãopara o múltiplo. Sobre a matriz realizava um trabalho contínuo, sujeitando-a aos ácidos, ao buril,aos instrumentos mais e menos convencionais, riscando, perfurando, gravando, por vezes até aolimite possível de leitura. Abel Salazar foi mestre no seu tempo* e ainda o é no nosso, através dolegado da sua obra, que quando não arrebata pelo teor das imagens, se impõe pela sua enormededicação e impressionante capacidade de trabalho.Nos últimos anos assistiu-se a uma aparente tendência de retorno a técnicas mais artesanais– pelo menos por uma facção do meio artístico – nomeadamente à calcografia, xilogravura e outrosprocessos de impressão. Longe de um regresso saudosista, ou por mera reacção subversiva dosmeios tecnológicos, a sua utilização é na generalidade consciente das circunstâncias históricas esimbólicas dos próprios meios e das suas condições de produção de imagens, e portanto da suacondição contemporânea.Assumimos neste projecto aquilo que nos parece ser um papel fundamental, de promoção daprodução artística, mais concretamente na área da gravura contemporânea. Procurámos através daselecção de artistas dar uma imagem geral, não a limitando aos meios académicos ou maisconsagrados, tendo sempre em consideração a grande qualidade de todos os intervenientes.A exposição conta com artistas portugueses e estrangeiros, com ligação às artes plásticas ouà ilustração e artes gráficas, com uma relação próxima com as instituições académicas ou comoficinas que têm desenvolvido um papel interventivo importante na divulgação da gravura, a nívelnacional e internacional.